sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pensamento obtuso


Por junto estão os ventos
O sol não está por perto
Os pensamentos são lentos
Eu de olho entreaberto
Relembro saboreando
Momento já vivido
Com flor desabrochando
Em estado mui contido
Pensamento permuta
Revendo nos sentimos
Ofegas muito astuta

Juntos os dois sorrimos


terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Desatino


Me aproveitei do mote.(in http://pensamentosefotos.blogspot.pt/)

A vida é feita de escolhas
Podemos e devemos sonhar 

É como um saca-rolhas
Que da garrafa faz soltar

O líquido traz quimera
Juízo no espirito onera
Como roda a voltear
Me faz o sangue brotar

Como luz que se esfuma
Escondendo-se numa bruma
Sizo algum me conforta
Longe ou perto não importa

Momentos de brotar as rolhas
Viver instantes e encantar
A vida é feita de escolhas
Podemos e devemos sonhar


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Encandeio palpitante


Metáforas do Escritor
Pensamentos no Leitor,
Metáforas em Portugal
Paradigmas no arraial,
Metáforas nos cruzamentos
Leitura de entendimentos,
Metáforas do poeta
Quimeras por colecta.

Crio figuras, crio imagens
Transvestindo a Metáfora
Opinando crio colagens
Me comprazo nesta flora.

Metáfora agridoce
Encandeio palpitante,
Escrita por aqui trouxe
Berlinde rolando brilhante
Correndo serena incerteza
Triste, dura, suavizante
Inscrita no tom de pureza
Sai do aparo da caneta
Ao tom desta tinta preta.

Ao ler um artigo no Blog “http://pensamentosefotos.blogspot.com/Escrever por metáforas é dizer muito e não dizer nada.

31/10/2011
Karl d’Jo Menestrel –Encandeio palpitante

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Momentos


Quando vens ter comigo
Assim, pela tardinha
No lusco-fusco do Sol,
Te sentas a meu lado
Num aconchego a mim,
Ver o poente, que longe brilha
Me revigoras ao sentir teu cetim.

Tenho-te nos meus braços,
Olhamos a imensidão
Sem nada dizer, recordamos…
Ou sorrindo, sonhamos…

Sentindo a vida passar
Se cruzam nossos olhares

A época vai passando…
Tingindo o encantamento…


23/08/2011
Karl d’Jo Menestrel – Momentos

terça-feira, 20 de julho de 2010

Chamada ao tempo...



É noite… é noite alta
O tempo não estica,
Mas encontrei um momento,

Recordar teu rosto,
Teu sorriso, tua entrega,
Teu carinho… teu olhar.
Recordei o tempo que passámos,
As fotos que recortámos.
Recordei cidades, vilas, aldeias, povoados
Nos caminhos que cruzámos.

Me lembrei dos meus, dos teus,
Dos novos amigos criados,
Das musiquinhas que ouvimos,
Do ronronar do motor…
E sorri de um solavanco,
Que aperto me deu.

Recordei um perónio,
Que se quedou,
Num belo lugar erróneo,
Mas nem isso atrapalhou

Recordei tua emoção na Ave-maria e no Ravel
Ás margens do Paraíba.

Recordei o teu olhar, a disponibilidade
O acolhimento. E sorrio…
Na marca que o tempo cria.

Fomos banhistas, campesinos…
Gastrónomos, andarilhos…
Até turistas…

Setembro, vai chegar
As folhas vão cair
Mas as recordações não…
Novas sim… vão vir.

Te aguardamos… aqui,
Junto aos trigais louros,
Na planície, cor de bronze.
Para voltarmos a ser
Banhistas, campesinos,
Gastrónomos, andarilhos…
Até turistas…

20/07/2010
Karl d’Jo Menestrel – Bem-querer

terça-feira, 30 de março de 2010

Visitando um blog quase esquecido...

Hoje, me deu para visitar um blog meu, à muito sem eu por lá colocar algo e me deparei com um escrito, já algo esquecido... aqui vos o deixo, para relaxarem um pouco.

Paladino Alentejano: Sonho sim... realidade... um dia quem sabe.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Alucinado


Ainda te amo,
Como da primeira vez que te senti,
Ainda te amo,
Num amor, que sempre exprimi,

Não sei o que seria sem ti
Só sei que não me arrependi
Não sei se é loucura, paixão,
Ou ensejos que estrelas brilho dão,

Te amo profundamente,
Me enlaçaste na raiz,
Onde me cruzei perdidamente
Num sentimento feliz…

Eu te amo…
Como não amei ninguém,
Não tenho solidão, te tenho
Me sinto ancorado em ti
Te amo na exuberância
Do agora e do passado,
Te amo.

20/02/2010
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um esclarecimento

Porque uma chamada de atenção me foi feita, acrescento o porquê da mudança de Blogue dos escritos de "Gin Quanto Baste", para Blogue próprio. http://ginquantobaste.blogspot.com

A escrita irá traçar o que se passou na realidade, sem esconder nada de nada, nem nas palavras ao tempo empregues pela gente moça no serviço militar... vai existir de tudo um pouco, só não vou escrever sobre sangue e muito pouco sobre morte, mas existirá sexo a sobrar, álcool que um toma mas que embebedava dez.

Irá existir algum calão português e gíria popular grosseira, que na altura, a rapaziada de caserna falava... quando não entender uma frase ou palavra, anote e passe ao e-mail, também pode recorrer ao google para encontrar algum significado para o calão português.

Nos próximos escritos será a chegada à Beira, Moçambique, é aí que começa verdadeiramente uma longa história de dois anos, que não deixam saudades mas sim uma carimbada indelével em envelope branco quase imaculado.

Logo na primeira noite africana Carlos tem o primeiro contacto com a realidade humana que o vai envolver. O clima por aquelas bandas é quente, diria tórrido.

Não existem pesquisas para estes escritos, são relatos verdadeiros que ficaram gravados na memória do personagem principal, são alguns dos momentos que circunscreveram um mancebo dos 22 aos 24 anos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Gin Quanto Baste


Devido ao conteúdo literário das próximas resenhas, e  não querendo ferir a susceptibilidade de alguns leitores e leitoras a continuação destes exóticos escritos estarão em sede própria em http://ginquantobaste.blogspot.com/

Gin Quanto Baste - Parte I - Primeiros Momentos * * Durante o Voo **

Imagem de despedida de Lisboa (Actual ponte 25 de Abril, na altura denominada ponte Salazar)

Carlos retirou o cinto, que o ajustava na cadeira quando existiu autorização para tal, ajeitou-se no assento, puxou por um cigarro que acendeu de imediato e ofereceu o maço ao moço que seguia a seu lado, um mulato Cabo-Verdiano Furriel enfermeiro.
- Queres um cigarro?
- Não, não fumo, obrigado.
- Incomoda-te que fume?
- Não pá, fuma á vontade, replicou o Cabo-Verdiano.
 Na altura não havia tantos africanos em Portugal como hoje em dia, Carlos volta à conversa enquanto saboreava o cigarro.
- De onde és?
- Sou Cabo-Verdiano da cidade da Praia.
-E a tua especialidade? Pergunta Carlos.
- Enfermeiro
- Eu sou Sapador de Engenharia e vou para Vila Cabral em Moçambique, e tu?
- Vou também para Moçambique para o Hospital de Mueda.
- Vou para uma companhia de Engenharia, replicou Carlos
Feitas as apresentações, ficaram os dois mudos, Carlos continuou fumando o cigarro enquanto olhava pela janela do avião, só via nuvens por baixo, estranhava não ver mais nada que não o sobre voo sobre os castelos de nuvens.

Terminou o cigarro e voltou a dirigir-se ao mulato.
- Os gajos dão qualquer coisa para trincar, ou é a seco até Luanda, ainda são algumas boas horas até lá?
- É pá não sei, quando vim de Cabo-Verde para cá, deram um prato de carne e era menos tempo, mas também foi na TAP (Transportes Aéreos Portugueses) agora com a tropa, não sei.
- A carne para canhão é tratada a pão e água, se calhar não vai haver nada para matar o bicho.
- Ná Pá, com os graúdos que aqui vão! Vais ver que dão no mínimo almoço à maralha, retorquiu o mulato à intervenção de Carlos.
Novamente os dois se quedaram mudos e retornaram aos pensamentos de cada um, enquanto eram embalados pelo barulho dos motores.

Carlos começou a recuar no tempo e a recordar-se de como tudo tinha começado até ali.

Tudo se iniciou em Agosto de 1969 quando das inspecções para o serviço militar, por essa altura com 18 anos, Carlos sonhava em ficar livre da “tropa”, pois tem uma deficiência visual num dos olhos de nascença, para mal dos seus pecados, naquele ano tudo foi aprovado, até um coxo, bem coxo ficou aprovado. A aprovação de Carlos foi para todo o serviço militar, na gíria dos mancebos da altura “ Carne para canhão”.
Estudava em Lisboa, tinha acabado os estudos secundários na capital do Alto Alentejo e para continuar os estudos só na Capital. O exame ao físico era feito no D.R.M. (Distrito de Recrutamento Militar), os das aldeias iriam fazer um bailarico da passagem “se consideravam agora homens”, nalguns a barba mal tinha começado a despontar. Toda aquela fila de mancebos nus era caricata… E quando um capitão médico os mandava dobrar para espreitar o que não vê? Alguns não resistiam e davam a sua gargalhada, para logo um Primeiro enfermeiro, os mandar calar e guturalmente gritar “Silêncio”.
Na saída não existia festa, todos sabiam o destino, as guerras no Ultramar Português se tinha iniciado em Angola em 1961 e rapidamente se propagara à Guiné e a Moçambique, poucos seriam os que ficariam na Metrópole (Portugal), a ver a banda passar. Os de maior sorte, iriam para Timor, Macau ou para S.Tomé, mas eram poucos os que alcançariam estes paraísos, pela certa teriam o continente africano no seu caminho e como companhia a mais fanática companheira durante os dois anos de estadia a “gatilhografa” standard do Exercito Português, a menina mais estimada, a famosa G3.

Lembrou-se de como foi parar á Arma de Engenharia. Tinha feito os psicotécnicos durante a recruta, para tentarem saber das melhores aptidões. O resultado dos mesmos nunca os soube até à semana de campo, a penúltima semana de recruta. Na semana de campo foi indigitado para comandar sempre um grupo de colegas recrutas como ele, esta indicação estava reservada para todos aqueles que o capitão da companhia tinha escolhido para irem para cadetes da Escola de Oficiais Milicianos do Exercito sediada no convento de Mafra.
Numa das noites da semana de campo e em conversa com o Instrutor que era de Tomar uma cidade perto do seu local de nascimento, perguntou-lhe Carlos, o que tinham dado os psicotécnicos o instrutor confidenciou que tinham no registo a Arma de Engenharia. Nessa noite Carlos dormiu pouco, ir para Alferes e comandar um pelotão de homens isso era ir pela certa para profissional do “gatilho”, a outra opção seria continuar a carreira da família e aproveitar a oportunidade de aprender mais um pouco. Na manhã seguinte, Carlos tinha tomado a opção preferia a Engenharia ao gatilho da arma.
Deixou terminar a semana de campo e na volta ao Regimento de Infantaria Nº 5 pediu para falar com o capitão.

- Meu capitão dá-me licença. Perguntou na porta do gabinete.
- Entre instruendo, que pretende.
- Vinha informar o Capitão que sei que estou indigitado para ir para Mafra
O capitão interrompeu o discurso preparado
- E então não está contente
- Bem meu Capitão, também sei que os psicotécnicos me colocam na Engenharia e…
Novamente o Capitão o interrompeu
- Não venha com merdas, se não quer ir para Oficial diga logo, que outros estão em pulgas e na bicha para irem para Mafra.
- Meu Capitão prefiro a Engenharia, pois era o que fazia na vida civil.
- Mas agora já não é civil é militar e militar vai para onde o mandam, retire-se.
Carlos ainda esboçou argumentar mais um pouco, mas o capitão voltou à carga.
- Retire-se, é surdo.
- Carlos deu um passo atrás, bateu a continência, rodou sobre os calcanhares uma meia volta perfeita, bateu com o pé no chão e saiu do gabinete do Capitão.
- Foi ter com o Instrutor que lhe tinha dado o resultado dos testes e deu-lhe a indicação que o Capitão tinha ficado chateado com o pedido.
- É pá o gajo tirou aqui a recruta, depois foi para Mafra e fez uma comissão em Angola, na volta fez contrato por quatro anos, o tipo pensa que os que aqui chegam acham o máximo irem para Oficiais.
- O Gajo deve estar choné ou gostar muito da tropa, eu prefiro a Engenharia, mas se o gajo me foder, nada posso fazer, chumbar em Mafra não, que ainda vou parar a cabo.

Ultimo dia de recruta, mandaram a maralha formar na pequena parada da companhia, já todos tinha Jurado Bandeira.

Com a formatura na ordem de à vontade, começou o Capitão a indicar onde teriam de se apresentar os instruendos para a continuação da instrução militar, agora chamada de especialidade. A maioria ia para Tavira tirar a especialidade de Atirador de Infantaria, quando chegou a vez de Carlos, lhe foi dada a indicação que iria para Sapador de Engenharia, Carlos não se desfez, pois enquanto ia falando o Capitão não tirava os olhos dele.
Veio a ordem de destroçar Carlos dirigiu-se ao Capitão
- Meu Capitão, obrigado.
- Fique sabendo que você é parvo. Foi a resposta seca do Capitão enquanto se dirigia para a secretaria da companhia.
Parvo ou não, antes andar a comandar homens de pá e pica do que andar aos tirinhos na mata, foi este o pensamento de Carlos.

Pelas 13 horas o altifalante da aeronave voltou a funcionar, desta vez para dar a informação que iria ser fornecida uma refeição.

Carlos volta-se para o Cabo-Verdiano, que entretanto tinha adormecido.
- Pá os gajos sempre vão dar de almoço à rapaziada.
- O quê almoço, tá bem, já cá cantava, já. Respondeu o cabo-verdiano meio estremunhado do acordar repentino que a cotovelada de Carlos tinha provocado.


Karl d'Jo Menestrel
12/02/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Gin Quanto Baste - Parte I - Primeiros Momentos * * A Partida * *

O Boeing 707 dos TAM (Transportes Aéreos Militares)

O autocarro passou a porta de armas onde dois soldados da Polícia Aérea faziam o controle e guarda e parou junto a um enorme hangar que serve ainda de recepção das tropas militares a embarcar.

Carlos nunca andou de avião, sentia o pequeno frio da primeira vez. O serviço militar é assim, “Maria vai com as outras”, alguns o que já eram conhecedores das manobras, começaram a dirigir-se para o grande portão do hangar que estava levemente entreaberto. Ao passar o portão, ficou espantado com o enorme vão livre de todo o hangar, aquilo era enorme, mais parecia um campo de futebol.

Se voltaram a reagrupar alguns grupos, mas a maioria se mantinha isolada, poucos eram os que se conheciam entre eles, coexistiam naquele imenso espaço umas 180 pessoas mais meia dúzia menos meia dúzia, de todas as mais diversas armas e patentes.

Estavam por ali especados, olhando uns para os outros que nem parvinhos que tinham perdido qualquer coisa e agora nada encontravam. Uns se encostavam ás paredes, outros de mãos dos bolsos, mais uns arranjando o dólmen, como se aquele andrajo tivesse por onde lhe pegasse. Carlos se mantinha calmo e em tudo reparava, um retirou a boina ajeitou o cabelo e a recolocou na cabeça com todos os cuidados, como em frente de um espelho estivesse e fosse mostrar pela primeira vez a farda “Feijão Verde” à namorada, Carlos sorriu com a presunção, outro esfregou os sapatos nas calças, por traz das canelas, mais uns que andavam de um lado para o outro não escondendo o nervosismo da sua primeira viajem aérea.

Num repente e pelas 11:00 um altifalante ribombou e uma voz masculina começou a dar informações.

- Linhas Aéreas Militares, Srs. passageiros queiram dirigir-se ao portão azul com o Bilhete que lhes foi entregue na mão.
Carlos não se moveu, deixou que os já sabidos se movessem primeiro, seguindo o velho princípio militar que tinha aprendido no tempo de recruta nas Caldas da Rainha “ Maria vai com as outras, se não sabes, esperas para ver”.

Voltou a voz no altifalante “ Embarque para Luanda e Beira”

Esta era nova para ele, passagem por Angola, “nada mau, telho família por lá, sempre vou dar um abraço, os gajos poderiam ter dito antecipadamente e avisaria a prima”, pensou Carlos, por fim entrou na fila, que isto da tropa é tudo na fila, na linha ou na bicha, não existe opção na escolha.

Chegou ao portão onde todos iam entregando o bilhete de embarque, onde um soldado da força aérea ia retirando parte do bilhete e entregando o restante de volta ao portador.

Caminhou para fora do hangar, sentiu o ar frio na face, parou para ler o que restava do bilhete, uma série de números onde um deles indicava a cadeira onde se sentaria no avião, Carlos disse entre dentes,
- Espero que seja junto a uma janela, sempre dá para ver por onde se passa.

Carlos pensaria que andar de avião é igual a carruagem de comboio!

A fila se manteve agora na direcção do Boeing 707 dos TAM, não teve de andar muito a aeronave estava junto ao hangar.

Reparou então no tamanho do avião o achou enorme, uns soldados levavam uma escada do tipo triângulo recto para junto da porta perto do “focinho” (Cockpit) do avião a fila tinha parado para as manobras necessárias na instalação da escada. Em terra se mantinha um soldado, todo aprumado que ia repetindo cuidado que os degraus estão húmidos enquanto a fila era engolida para o bojo da nave aérea.

Entrou pela primeira vez num avião, sorriu como criança, mostrou o bilhete ao soldado que executava a recepção e este lhe apontou por perto uma cadeira junto a uma janel. Ainda pensou “ ainda há anjos”, colocou o saco entre as pernas e manteve-se de pé vendo qual o comportamento a adoptar com o saco, reparou que alguns abriam a tampa de uma caixa e colocavam lá os haveres de mão. Reparou que ninguém usava mala, só o característico sacão militar. Imaginou que em lugar de bagagens como já tinha visto no Aeroporto da Portela o bojo do avião iria repleto de material militar, ou de material logístico mais urgente.

Novamente um altifalante, se fez ouvir.
Agora um Coronel das FAP informando que era o comande do voo e piloto principal tendo como co-piloto um Tenente-Coronel das FAP, lá disse o nome dele e do seu auxiliar. Deu indicações do tempo em Luanda e que chegariam dentro de 8 horas à capital Angolana.

Logo após ter falado o altifalante da aeronave se fez ouvir, outra voz, desta vez um cabo das FAP dando as indicações necessárias para o aperto dos cintos, iniciando de seguida uma ladainha sobre os procedimentos a ter em caso de alguma emergência.

Carlos vira-se para o passageiro que tem a seu lado e num desabafo.
- Para quê esta merda toda, se a lata cai nem o sebo dá para aproveitar, o outro deu um sorriso amarelo e se mudo estava, mudo ficou.

O avião inicia a marcha rolando lentamente para a pista, Carlos ia espreitando pela janela todo o movimento que se processava no exterior, perto da entrada da pista o aparelho parou, achando estranho o procedimento, tentou encontrar uma explicação para a paragem, muito pouco tempo se passou e lá volta a rolar agora para uma pista bem larga, se ouve o ensurdecedor ronco dos motores e o 707 começa a rolar cada vez mais veloz, percorrendo rapidamente a pista até que saiu de terra elevando-se rapidamente nos ares.

Respirou de alivio e da janela, via Lisboa, toda uma imensidão de casario, passando junto à ponte Salazar ficou admirado com a deslumbrante paisagem que dos ares se podia recortar.

Carlos não tirava os olhos de Lisboa, como de menino deslumbrado fosse. Ainda disse para consigo “Adeus Lisboa, assim que puder eu volto, prometo”. E voltou nem uma nem duas, volta sempre que pode, gosta de se sentar numa das esplanadas na Rua Augusta e ver as “garinas” passar.

Karl d'Jo Menestrel
10/02/2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Balada de Neve


Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Gin Quanto Baste - Parte I - Primeiros Momentos * * Nos Adidos**


8:00 da manhã, Carlos passou o enorme portão de acesso a Lanceiros 2, parou, percorreu com o olhar a enorme parada, procurando para onde se dirigir, por fim percorreu resoluto os longos metros que o separavam da construção principal e que ele achou que poderia ser a companhia de adidos. Reparou numa série de bancos de madeira, ia colocar o saco num deles, mas estavam molhados pela orvalhada da noite e da madrugado, resolveu colocar o saco na calçada e ficou expectante olhando ao redor, um cabo passou perto e Carlos lhe dirigiu a palavra.
- Nosso cabo, onde fica a companhia de adidos.
- Logo em frente. O cabo se aprontava para continuar a caminhada, quando novamente Carlos o interpelou.
- Não vejo ninguém por ali, quando abre a secretaria.
- Já abriu meu furriel, alguns já lá estão.
- Obrigado.
Agradeceu e pegando no saco se dirigiu para onde o cabo indicou. Transitou por uma porta larga e alta que deu acesso a grande sala, onde no final da mesma se encontrava um Primeiro-Sargento e diversos cabos. Entrou numa das filas onde já se apinhavam alguns com a mesma parida sorte. A fila andava rápido, só se ouvia a voz dos cabos e do Primeiro, no rosto de todos estava estampado o sorriso amarelo que a desdita ditava. Carlos reparou que a grande maioria eram jovens como ele, mas por ali estavam todas as patentes de um Exercito.
Chegou por fim a vez.
- Bom dia. Disse o cabo
- Carlos apresentou a documentação que lhe tinha sido entregue uma semana antes em Tancos na Escola Prática de Engenharia.
- Bom dia cabo.
- O Sr. tem de ir ter com o nosso Primeiro.
Carlos olhou para a esquerda onde estava um Sargento, entradote e pesado, saiu da fila e entrou na outra onde no principio da mesma estava de pé atendendo o Primeiro-Sargento.
 Chegou a sua altura de atendimento.
- Bom dia Primeiro. E voltou a apresentar a papelada, dois simples documentos e a sua caderneta militar.
- Bom dia. Retorquiu o Primeiro
- O Senhor já sabe para onde vai, não é verdade?
- Sei sim, vou para férias em Moçambique, respondeu Carlos metendo graça para desanuviar algum nervosismo que no momento sentia.
O Primeiro sorriu
- Espero que se divirta então. Ficando com os dois documento, entregando mais outros dois, mais um papel que mais parecia um bilhete de avião e continuou.
- Todos os documentos são para entregar na 2ª Companhia de Engenharia do Agrupamento de Engenharia de Moçambique, vai para Vila Cabral na Província do Niassa substituir um 2º Sargento a sua comissão é uma rendição individual, estes papelinhos. Apontado para o que parecia ser um bilhete de avião.
-É para entregar na Base Aérea e lhe será dado outro em troca, tenha então umas boas férias Furriel. Despediu-se assim o Primeiro ajeitando-se na brincadeira.
- Deus o oiça, Primeiro, já agora como vou para a Base.
- Um autocarro da Força Aérea os vêem buscar pelas 9:30
- Obrigado e bom dia para o senhor. Se despediu Carlos do Primeiro.
Voltou para a parada, desta vez colocou o saco num banco e se sentou em cima do mesmo enquanto sentia o aconchegante agasalho da gabardine militar.

Voltaram os pensamentos de sair. Ainda estava a tempo de sair pela porta de armas e dizer adeus a tudo, criar nova vida algures, nova identidade, pedir asilo político e sair do tormento de ideias.

Analisava os rostos, desde os mais jovens aos mais graduados, os mais velhos encontravam conhecidos de outras paragens e se juntavam em grupos, mas ele bem reparava que a tranquilidade dos mesmos era aparente. Novos e velhos levavam cigarros aos lábios em baforadas intermitentes, como esses fossem os últimos cigarros da vida.

Perguntou a um capitão se sabia de algum bar por ali, o capitão lhe indicou por onde ficavas o bar. Para lá se dirigiu.

Pediu ao soldado uma sandes de presunto e um refresco de laranja “Sumol”, um pacote de bolachas “Maria” para a viajem. Depois de saborear a sandes e a laranjada, pediu um café, o qual saboreou juntamente com um cigarro, pagou e lhe veio a ideia que seria a última refeição em solo Pátrio.

Chegara por fim o autocarro da Força Aérea, Carlos lembrou-se do irmão, que tinha partido para a Guiné como motorista da Força Aérea, por pouco não lhe vieram as lágrimas no momento, não tinha tido autorização do comandante do curso de minas que estava a tirar na altura, para se poder despedir dele no embarque. O nó que tinha na garganta se desfez quando ouviu chamar pelo nome para entrar no Autocarro pintado de azul.

Faltava um minuto para a hora que o primeiro tinha indicado 09:30.

Saiu o autocarro no sentido contrário que tinha percorrido anteriormente, atravessou Lisboa de ponta a ponta e absorveu todo um sentimento de despedida, olhando para tudo como da última vez se trata-se, lembrou-se da frase do cigano, “Ultima compra em Portugal”, mas logo pensou… puta que o pariu… merda de cigano.

Chegaram frente ao grande portão da Base Aérea de Figo Maduro, paredes-meias com a grande entrada de Lisboa o Aeroporto Internacional , também conhecido por da Portela.

Um último pensamento e ainda dentro do autocarro. “ Não existe volta a dar, agora é ir e voltar”

Karl d'Jo Menestrel
08/02/2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Gin Quanto Baste - Parte I - Primeiros Momentos * * Perguntar Ofende? **

Perguntar ofende?

Carlos subia a calçada da ajuda para se apresentar em Lanceiros 2, ia taciturno naquela manhã de inverno, recordava as últimas palavras do Pai e da Mãe, pois tinha-se despedido na madrugada, tinha saído da casa que lhe tinha sido até agora, o lar do seu recolhimento. Não queria que ninguém dos seus mais queridos por perto, naquela hora de separação. Momento que ele sentia como o mais delicado de sua vida, era o salto para o desconhecido, para todas as incertezas.

Tinha passado a semana a despedir-se da família, dos amigos e de todos os mais próximos, percorreu seca e meca para chegar perto de todos eles.
No pensamento lhe fervilhava as fontes, ainda estava a tempo de atravessar a fronteira e dar pulo até França ou mesmo a Argélia. Assim se veria livre da teia que lhe estava próximo a cercear toda a mocidade, vinte e dois anos plenos de força, jovialidade e saúde, que iriam descer aos infernos, ainda está a tempo de seguir o que não deixava dormir há algumas noites.

Na íngreme calçada, devidamente ataviado, dentro daquele fato se sentia apertado e o saco de viagem com poucos haveres lhe pesava como peso em excesso, pois se brigavam as vontades do menino e moço.

Acordou num repente dos seus pensamento obscuros, com a chegada do corpulento cigano.
- Senhor quer comprar um relógio? E toca de mostrar duas mãos cheias de relógios por entre uns lenços não muito limpos por tanto manuseio.
Carlos parou, olhou o cigano de alto a baixo, e continuo a subida, o cigano foi no encalço e continuou o cerco.
- Senhor são de excelente marca e dou garantia.
Carlos parou, olhou o cigano nos olhos e lhe retorquiu um seco.
- Não.
Voltando o vendedor contrabandista à carga.
- Não são caros os relógios e lhe fará falta, pois estes têm cronometro.
Novamente Carlos parou, voltou a olhar o cigano e com cara de poucos amigos.
- Meu amigo, o momento não é para comprar relógios, hoje estou imensamente chateado e sabe o porquê não sabe?
- Sei, mas que quer, é a vida.
- É uma vida de porra, nem sei se o que vou fazer é vida.
- Mas isso não o impede de ter um bom relógio.
Carlos não retorquiu e voltou à subida, alargou o passo, o largo portão de Lanceiros já estava perto. Mas o cigano, não queria largar a presa.
- Senhor lembre-se que é a última compra que faz em Portugal.
Aí Carlos desesperou “ última compra em Portugal”. A frase caiu como ave de mau agoiro. Parou novamente, virou-se para o cigano e lhe gritou.
- Porra! Largue-me de mão seu caralho.
O cigano não esperava uma acutilância tal e respondeu baixinho.
- O Senhor desculpe, “Mas perguntar ofende”?
Carlos, sorriu.
- Que tenha bons negócios…Atravessou a avenida e entrou em Lanceiros, onde o Soldado lhe apresentou arma, colocando-se em sentido.

Karl d'Jo Menestrel
07/02/2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Doce enlace


Sentado junto à lareira, leio um livro
A música de um saxofone me embala
No sabor da leitura, viro a página
Me paro, taciturno, me vens ao pensamento
Agora o som do piano me dá alento
Me corrige a razão, se me engano
Pois me percorre o doce estar alentejano.

Me levo na subconsciente paixão,
Me briga o íntimo na plena emoção
Sorrio, de imaginar estar perto de ti
Eu que estou tão perto e tão longe
Como ave esvoaçando ideia adquiri,
Sei que sabes... não nasci pra monge.

Me liberto das penas, para te abraçar,
Tu sorris sempre com meu chegar,
Iluminas a existência com teu enlace,
Nesta reflexão, sinto tua terna face.

Évora - 06/02/2010
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Estranho sentir


A vida é ingratidão
Cria laços no coração
Dá memória, solicitude
Coroa nova e livre atitude
Alimenta onda delirante,
Como vista de mirante
Brota sonho, letargia,
Iluminuras, integrante
Na raiz do meu ser
Factos para padecer
São alusões que retenho
Que na razão contenho

Estranho sentir por ti
Na frenética, forte ilusão
Que no espírito construí
Com enlaces de afeição
Estranho e doce sentimento
Que baralha pensamento
Corrompendo todo o ser
Que não busco esclarecer

Me azougo neste sentir
Por não te poder omitir.


05/02/2010
Karl d’Jo Menestrel

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desejos vãos


Eu queria ser o Mar de altivo porte 
Que ri e canta, a vastidão imensa! 
Eu queria ser a Pedra que não pensa, 
A pedra do caminho, rude e forte! 

Eu queria ser o sol, a luz intensa 
O bem do que é humilde e não tem sorte! 
Eu queria ser a árvore tosca e densa 
Que ri do mundo vão e até da morte! 

Mas o mar também chora de tristeza... 
As árvores também, como quem reza, 
Abrem, aos céus, os braços, como um crente! 

E o sol altivo e forte, ao fim de um dia, 
Tem lágrimas de sangue na agonia! 
E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!...


Florbela Espanca 
A Lírica Alentejana

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Se me levam as águas, Nos olhos as levo.

Se de saudade
Morrerei ou não,
Meus olhos dirão
De mim a verdade.
Por eles me atrevo
A lançar as águas
Que mostrem as mágoas
Que nesta alma levo.

As águas que em vão
Me fazem chorar,
Se elas são do mar,
Estas de amor são.
Por elas relevo
Todas minhas mágoas;

Que, se força de águas
Me leva, eu as levo.

Todas me entristecem,
Todas são salgadas;
Porém as choradas

Doces me parecem.
Correi, doces águas,
Que, se em vós m'enlevo,
Não doem as mágoas
Que no peito levo!
 
Luís de Camões
O maior de todos eles
 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Rosas Minhas


De uma Rosa terna, calorosa,
Brotaram da Rosa botões
Que mostram ser lindos, formosos,
Numa qualquer das versões,
E acertadas no amor
Foram tratadas para sentirem,
Magia e exalarem paixão,
E na criada afeição possuírem,
Muito afecto, compreensão,
Para ornamentar meu coração

Brotaram delas rebentos
Mimos que não dispenso,
Dão provas de sentimentos
De incutido amor imenso,
São novas Rosas no estar,
São venturas de bem-querer
São flores de sempre amar,
São felicidades a não perder,
São as dádivas do amor,
Concorrem na igualdade
Suas pétalas um primor
Na exuberante amizade,

São parte do meu cordão
Uma Carla outra João,
Ambas de nome Maria
Que de antemão me dão,
Crescente e forte alegria.

29/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pedrinhas




Quando pequenote atirava pedrinhas ao rio,
Extasiava, entrava em delírio,
Eram pedras pequeninas, coloridas,
Mais redondas, quadradas ou compridas
Que na água saltavam e ressaltavam,
Num movimento a fazer lembrar trampolim,
Terminada a energia… paravam se afundavam,
Já me acompanhava o sonho ao vê-las saltar assim,
Livres, alegres, garridas, com multi-formas de antemão,
Mais leves, mais pesadas, já as sentia então.

Junto pedrinhas para ter um muro forte,
Que me sustente o ser, pois ainda quero colher,
Os belos frutos, de saudável fraternidade,
Pois já tenho passaporte com o carimbo da sorte,
Para livremente saltar e como pedrinha percorrer,
Novos caminhos abertos na minha livre vontade.

Agora o muro é sonho, a pedrinha amizade,
Os sonhos os tenho no ar, a amizade na mão,
Já não atiro as pedrinhas, pois as tenho no coração.
Perder uma só pedrinha já seria crueldade
Era como rebentar balão do sonho ou d’ilusão.


26/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 24 de janeiro de 2010

Destino




Será que, já não crio objectivos?
Será que, já não crio sonhos?
Será que, só crio ilusões?

Existem momentos, em que estou fora do jogo,
Logo existe mão divina, que baralha e dá as cartas novamente,
Quero sair da mesa, mas dou conta que o jogo não pára.
É constante o rodar da vida e assim será eternamente.
Já não persigo objectivos, frequento antes desafios,
Me desafiam… Me desafio a mim próprio perseguindo sonho
Por vezes na ilusão, construo estradas e caminhos
Que criam objectivos, que já não quero… Pois não são meus.
Já não me iludo, mas continuo sonhando no que quero.
Sofro de arrebates, a vida me encanta, o palpitar de gente seduz
Esse caminho percorro, persigo como a luz que me entra na janela
Sem pedir licença a gente, se instala e cativa.
Já não corro, ando… Por isso objectivos... Não.

Crio sonhos, que embalo na ilusão…
Tenho elos no coração…
Sinto sentimentos, emoção…
Em que embarca agitação.

Objectivos têm data, imposição,
Que trazem gente amarrada
Coisa danada, obrigada.
Mas a final objectivos tenho...
Só que sem data marcada.


24/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ilusão perene



Dependurado na falésia
Olhando a lonjura de mar
Ventura me impele no atirar

Ir para bem longe…
Deste sítio quero voar
Quero asas como adorno
Para te conseguir beijar
Quero esvoaçar, saltar, gritar
O que sinto em mim aqui
A onda que a perturbar anda
No simples desvario a senti

Olho rochas, o mar revolto
Espumas se elevando
Das ondas que vão quebrando
A vida o amor amando
Em vagas o teu chamar impele
Um tremor por toda a pele
As espumas que me já beijam
Momentos de afeições contêm
Dilaceram o meu corpo
Como rasgos na falésia
Em que estou dependurado.

23/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Apontamento.




Deambulando ao sabor do vento

Descubro as sensações que cedes
Como rabiscos em pura tela
Tento entender tudo o que dás
Desatino num desvario que apraz
Abriste, me convidas para janela
No envolvimento tu me recebes

Desenraízo causa no inalcançável
Me colapso nos sentidos da razão
Neste destempero encontro sensação
De doce desatino, no imaginável

Pintas as telas em cor quente
Tudo tintureiras em teu redor
Utilizas palete de tintas fortes
Saracoteias em tuas emoções
Utilizas, os sonhos, as ilusões

Tiro apontamento em meu requebro
Do imaginário das minhas fantasias
O vento, o mar, a luz me chama
Levo-me em caminhos e veredas
Subo colinas, palmilho vales
Sinto que o vento afaga a face
Me alucino, pensando em sopros teus

21/01/2010
Karl d’Jo Menestrel - Ilusões

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Rosa de Paixão



De desnorteado, perdido
Atinei na vereda que queria
Encontrei o meu sentido
Fiquei sabendo para onde ia

Numa mocinha trigueira
Encontro mulher verdadeira
Que me enche de ternura,
Amor, fascínio e doçura
Nunca criamos rotura
Mesmo que se encontre fissura
Nos damos de coração
Sem entrar na confusão.

Com olhos de encantar
Teu sentido é tão selecto
Sem deixares de caminhar
M’assistes no trilho certo

Colocámos mão na mão
Promessas então fizemos
Nem nos sonhos ou na razão
Não quebrámos ou desfizemos

És minha Rosa de paixão
Me acompanhas nos sonhos
E na activa e forte união
Me dás teus olhos risonhos

Desabrochando pétalas de amores,
Me destes as mais lindas flores

20/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Marujo da Alma


Respondendo ao Comentário de Paula Barros em Brocados d’Alma

Ao escrever, me liberto de um todo e não de uma parte,
O tempo passa, me relaxa numa agradável sensação.
Crio e recrio, fantasias, quimeras e sonhos.
Me revivo no que escrevo, me arrumo na emoção
Me coloco no impossível, imponderável,
Inalcançável, em meu mundo de ilusão
Navego ao sabor da escrita, qual marujo emocionado,
Ouvindo sereia cantar no meu imaginável mar
Brota escrita, palavras, enredos em lunática paixão
A Sinto a entendo como fosse real, a fuga dum sentimento.
A Alforria do pensar assim a ganho da opinada razão.


18/01/2010
Karl d’Jo Menestrel 

domingo, 17 de janeiro de 2010

Brocados d’Alma



Mentir a nossa alma
É criar buracos no coração
É apagar a luz, a calma
E retirar de nós a emoção
É criar sentimento nefasto
É esmorecer o nosso ser
Medrando nas palavras me agasto
Assim por vezes nem posso querer
Que neste meu simples escrever
Minha alma tem brocados
Que não consigo esquecer

São pensamentos baralhados
São imponderáveis pareceres
São neurónios já cruzados
São versos não trabalhados
São encantos doutros seres

No limite da emoção
A poesia se articula
Criando devastação
Vertendo palavra ridícula

Sem prós, contras ou calma
Fechando brocados d’alma

Numa ardente alienação
Que acalma o Coração

16/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Madrigais



Para encantadora amiga,
Criadora de sonhos e ilusões, em fecunda fantasia. em Pensamentos, Fotos e Devaneios.



Paula,


Nos madrigais, sinto o perfume
Que emanas em teus jeitinhos
Sem utilizar foice ou gume
Graciosos os teus carinhos

Sentido poético, pensador
Criadora do sonho, da ilusão
Em teu sentimento está ardor
Sem paralelo de antemão

Perco a rima do meu verso
Quando teus escritos leio
Nas palavras me disperso
Nos escritos me caldeio

Neste requebro com ternura
Me venço, iludo e componho
Como trata-se de sonho
Aceite esta minha diabrura

Envolvida na fragrância das açucenas
Assim de longe me acenas.

O sentido poético da vida, se tira no sonho e na ilusão.

11/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 10 de janeiro de 2010

Aniversário....


Mais um ano se passou
Nova etapa começou

Por quanto tempo mais
Somamos anos aos anais
Que sempre revivemos,
Nas velhas e novas amizades
Nos simples e bons momentos
Por vezes nalguns tormentos

Na plantação da vida
Surge a Primavera
Onde tudo é uma quimera
No Verão se vive agitação
Se inicia transição
Com o Outono a chegar
Um tempo de tudo arrumar
O Inverno se divisa
Não o queremos por perto
Que fique bem longe
Na imensidão do deserto

Aos amigos forte abraço
Que nunca se desfaça o laço
Tenho a todos sem excepção
Uma colossal gratidão

A vida é feita para viver
Brindemos assim à vida
Mais ao nosso querer.

Hoje coloco mesa, faço a festa e pago as despesas… se sintam convidados.

Viver é fácil… difícil mesmo é saber viver (???)
Os meus anais (crónicas) foram escritos, por todas as amizades obtidas na passagem do tempo. O regozijo é sempre meu, quando os revivo.


10/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 9 de janeiro de 2010

Afeição


É o que sinto por ti…
E de mão na mão
Contigo eu aprendi
Sem criar alguma ilusão
A colher singelas flores
Raiadas de mil cores

O carinho, ternura, afeição
Que é tua sentida entrega
Que vivem da eleição
Que o sentimento carrega
Convivem no meu coração

Palavra como anjo alado
Não sei bem como explicar
Sou todo um afortunado
Pela sensibilidade do acariciar
Que a sentença me deixa
Na liberdade do sentimento
Sem qualquer uma queixa
Demais sem rejeição acrescento

Que assim me sinto feliz
Nos afectos que me dás
Nada em mim se contradiz
E para sempre perdurarás
Na imaginação como uma flor
Com pétalas multi-cor

"A grandeza da afeição pode medir-se pela grandeza das ilusões: tão natural é achar perfeitos aqueles que amamos." ???

09/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Flores encantadas



Flores, encontro nos meus espaços
Dou flores, me devolvem sorrisos
Viajo por jardins encantados
Cheios de cores e raros perfumes
Qual zangão cativado, procurando
Pólen de amizades que sempre
Perduram pelo encantamento

Vejo flores ao longo do caminho,
Me parece sempre ser primavera,
Algumas flores ficam comigo,
São flores diferentes carinhosas
De ternuras mais que afectuosas,
Flores que qualquer jardineiro
Gostaria de ter em sua leira

Flores brilhantes me visitam
Me enchem de emoção,
São mentes, são traços de luz,
Dão feitiço em meu sonhar,
Mesmo que uma flor um dia murche,
Perdurará a eterna recordação
De uma amizade em comunhão

Mas meu jardim tem encantos tais,
Tem sonho, tem ilusão,
Em harmonias reais e irreais
Tem janelas no coração

Eu dou flores, recebo flores
Num contentamento de viver.

Essas flores belas perfumam nossa existência e nos fazem ver que não estamos sozinhos. Se amigos são flores que duram um ano ou um dia não faz diferença, porque o importante é as marcas que deixam nas nossas vidas. São as horas compartilhadas, horas de carinho, horas de amor e cuidado.
“ Letícia Thompson”

08/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Palavras




As palavras que me dás são minhas
Não as dou, nem as devolvo
As guardo de recordação,

Como simples e belas flores
Fazem parte da emoção,
Com todas as brilhantes cores
As guardo no Coração,

Tão belas, tão singelas
Em escrita de sedução,
A tua imagem vem nelas,
Como estrofes de canção,

Teu encanto não é momento
Nem sonho, é realidade,
É luz sem ser tormento,
És ternura em quantidade,

As palavras são sentimento

Nas palavras que me dás
Alegria, contentamento
Por vezes algum tormento


07/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Enlace



Nos encontrámos
Nos enlaçámos
Qual Colombina
Qual Arlequim

Nossos momentos criados
Sobre encontros enamorados
Juntemos eterna paixão

Que viva no sonho a ilusão
Que se abra a ilustração

Que não se feche
O pano do palco,
Nem as luzes do cenário
Nem teu sorriso desenhado

Pois quando sorris
Num momento se faz
Um feitiço,
Que me torna feliz

Só contigo
Eu consigo
Entender o amor.

06/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Dança?



Hoje me apetece dançar
Sentir-te em meus braços
Tua cabeça em meu ombro
Num pé de dança bem curto

Sentir teu corpo
Sentir teu regaço
Sentir teu leve arfar

E crio a ilusão
Que te volteias
Me volteio
Cruzamos pernas
Entrelaçamos braços
Nos damos de mãos

Teus olhos seguem os meus
Num rodopio continuo
Seguimos os sons,
Não sei se sigo teus passos
Se tu segues os meus…
No sortilégio da dança
Te juntas, te dás, me envolves
Me enlaças em promessas
De outra dança dançar

Como eu te sinto em meus braços
Nesta dança já dançada
Sem música, sem embaraços
Como eu te sinto enlaçada


04/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pontos Cardeais




Me vejo a Norte
Sem a ínfima sorte
Ansiando sair por Sudoeste
Para me recrear em Nordeste
Nem num pequeno bote
Num sonho que de mim brote
Consigo sair do ponto
Mesmo ansiando encontro
Tão preso estou aqui
Numa roda que não parti

Mas um dia paro a roda
Me deixo perder no tempo
Agarro e levo a corda
E com caldeirão por medida
Solto as amarras da vida

Sem tempo de compensar
Me deixa sempre no ponto
Que não tem cais de amarrar
Existe sempre um desencontro
Que ofusca sonho de embarcar

Louca fuga, vã ilusão
De outros lugares buscar
Mas sinto forte paixão
De um dia vir ancorar

Por muito querer o passeio
Com ou sem bússola desnorteio

A minha linha é recta, mas ziguezagueando sobre a mesma eu… vou vivenciando.

03/01/2009
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Cacos



Cacos das fragrâncias de um tempo
São os que tenho nas mãos
São cacos meus e teus
De coisas que arrolamos
De pertences esquecidos
São cacos de nossas vidas
Coisas já passadas, não ignoradas
São lembranças, fragmentos vividos
Ilusões e Sonhos sofridos

Tento juntar alguns,
Numa recordação suprema
Uma lembrança, um tema
Encontro frustração por omissão
Procuro, nos cacos memória
Em resoluta existência me percorro
Procuro recordação do caso
Me ficam os cacos sem cor
Alegria, satisfação

Os cacos, são meus
Pertencem ao meu tempo
Lembranças que joguei fora
Não vale nada junta-los
Não se encaixam na memória
Deixemos assim os cacos
Que já viveram glória.

Novo Ano,
Volta a renovada esperança
Novos sonhos, nova vida
Se perdura o pensamento
Numa ilusão querida.

Há, os cacos!
Fazem parte do meu castelo.

O tempo nos corrige. Gritar que erramos nada vale. Nossos erros serão os eternos mestres.

01/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 26 de dezembro de 2009

Recomeça….



Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Próspero Ano Novo



Então é natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é natal, pro enfermo e pro são.
Pro rico e pro pobre, num só coração.
Então bom natal, pro branco e pro negro.
Amarelo e vermelho, pra paz afinal.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é natal, e o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez.
E entao é natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, o amor como um todo.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Harehama, Há quem ama.
Harehama, ha...
Então é natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa ..

(Simone)


Um Natal bastante iluminado, para todos vós e vossos familiares

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Olhar teu…


No teu olhar encontro a luz
Serenidade que necessito
Ternura que me amolece
Carinho que me percorre;
Teu olhar mesmo de soslaio é único
Travesso quanto baste
Alegre em incomensurável paixão
Desperta a chama de te amar;
Esse teu olhar me acalma
Acalenta meus sonhos
Dá força na medida certa
Para caminho proseguir;
Esse teu olhar me beija no levantar
Perdoa na vulgaridade
Atravessa a mente e me descobre
Beija, enlaça em doçura;
Esse olhar teu, que me envolve
Usufrui a alma minha
Me segue na fluidez da vida
Se desdobra, multiplica
Na envolvência de amar.

Esse teu olhar tão certo
De querer meu ofertado
Em silêncios que decerto
Num amor acalentado
Mostra a limpidez da alma
Num suave brilho que dá
Numa lonjura de calma
Que junto de mim estará

Esse teu olhar me encanta

A luz que dos teus olhos brilha, me mostrará sempre o caminho nos desvarios e na ilusão do meu sentir.

21/12/2009
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Na vida mais uma luz.



Sinto os meus olhos rindo
Brilhantes por nascimento
Como clareando, colorindo
Todo este imenso momento

Crias alegria, encantamento
Trouxeste no frio, calor
Num jubilo, contentamento
Nos mergulhaste em amor
Num constante pensamento

Que em glória sejas alguém
Em sabedoria um primor

Que na vida encontres sabor
Fraternalmente te quero
Resolvido e sabedor
Assim na vida me alegro
Na tua vida muito amor
Cada peça em ti se ajuste
Intrinsecamente feliz
Sobejamente forte, aguerrido
Com almejada satisfação
O meu imenso amor querido
Eu sinto em meu coração

Nasceste na urze do campo
Em flor nascida da Rosa
Mulher terna… Calorosa.

Todo o ser amolece, frente ao encantamento de novo renascimento

10/12/2009
Karl d’Jo Menestrel

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Passo desencontrado…



Desacelero, acerto o passo
Avivo e marco a cadencia
Mais comprida, mais curta
Que interessa agora o compasso
Continuo a andar num passo
Moderado, como vadio
Seguindo sem rota marcada

Já nem consigo pensar
Encontro só um vazio
Porquê o passo acelerar.
Se vagueio em meu andar
Contorno esquinas e muros
Procurando no andamento
Ver-me livre do pensamento

Sem pauta, letra ou ponto
Me julgando de mansinho
Na apatia me confronto
Tentando sair de fininho
Colocando passo sobre passo
Continuar em meu caminho
Andando num contraponto
Procurando rua, que não encontro

Me doem pés de tanto andar
Estou cansado de tanto passo
Vou deter este caminhar
E deixar este erro crasso
Que não me deixa parar


Na encruzilhada, temos mapa, nos indicam caminho ou nos intuímos nos preparos antes tidos. De nada vale, molhar o dedo e sentir de que lado o vento sopra.

09/12/2009
Karl d’Jo Menestrel