quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desejos vãos


Eu queria ser o Mar de altivo porte 
Que ri e canta, a vastidão imensa! 
Eu queria ser a Pedra que não pensa, 
A pedra do caminho, rude e forte! 

Eu queria ser o sol, a luz intensa 
O bem do que é humilde e não tem sorte! 
Eu queria ser a árvore tosca e densa 
Que ri do mundo vão e até da morte! 

Mas o mar também chora de tristeza... 
As árvores também, como quem reza, 
Abrem, aos céus, os braços, como um crente! 

E o sol altivo e forte, ao fim de um dia, 
Tem lágrimas de sangue na agonia! 
E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!...


Florbela Espanca 
A Lírica Alentejana

3 comentários:

Paula Barros disse...

Florbela, gosto muito do que ela escreve, acho forte, acho que vem da alma, de uma alma inquieta, de uma mente que pensava muito, de alguém que sentia demais.

Mas este poema me mostra a lucidez dela no momento que percebe que queremos ser tanta coisa, mas cada coisa tem um outro lado, nem tudo é só beleza, leveza, alegria...

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Estou sempre indo e vindo na leitura do livro do caruaruense.

Estou ouvindo as novas músicas. Bom para harmonizar o dia, o trabalho.

beijo

Celina disse...

TENHO SEMPRE TE VISITADO O ALENTEJO E MESMO UM BERÇO DE POETAS TENDO A FRENTE UMA DAS MAIORES POETISA DO MUNDO NOME RESPEITADO POR TODOS FLORBELA ESPANCA PARABENS AMIGO POR TE TIDO UMA CONTERRANIA TAÕ ILUSTR. ABRAÇOS FRATERNOS CELINA.

Dilma Damasceno disse...

Inspirado Amigo "Karl d'Jo Menestrel"!

Eis um belíssimo soneto!
Florbela Espanca, é sem dúvida, a "Lírica Alentejana"!

Recordo com prazer, que no dia 05 do corrente mês, envolvendo o meu escrito:
À LUZ DE UM TERNO OLHAR...",
o amigo presenteou-me com outro maravilhoso soneto da extraordinária poetisa, o que além de iluminar a minha Janela, motivou alguns versos contidos
na manifestação que lá registrei, e aqui transcrevo:

Grande amigo “Jardineiro de Plantão”!

Os seus comentários são sempre uma satisfação, e sempre me deixam emocionada e agradecida!

O lindo soneto “AMAR”, de Florbela Espanca, veio iluminar a minha Janela. Aproveitando a benéfica luminosidade, ouso escrever aqui, um pouquinho do que penso a respeito da incomparável poeta alentejana:

Florbela é voz da poesia!…
Lirismo do Alentejo!
O seu legado, - extasia,
Reina, e retrata no Tejo,
Belezas do romantismo!
Enredos sentimentais,
Liberdade e simbolismo,
Apontam seus ideais!

Exprime, o verbo “encantar”,
Sua escrita luminosa,
Perfeita e prodigiosa!
A sua forma de estar
Na vida, foi excitante!…
Com seu jeito apaixonante,
Amou… e, se fez Amar!

(Dilma Damasceno)
Cascais-Portugal, em 12 de Fevereiro de 2010

Retribuindo muito fraternalmente, os abraços do amigo e o beijo da amiga e mana Rosinha, faço minhas, as suas palavras: “que em breve todos nos encontremos por aqui ou aí, com Joaquim”.