segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Saber ver…



Pintura a óleo por Francisco Charneca – Reflexo de um olhar

Sem nada para dizer, sem nada procurar
Um pouco ou nada sei escrever
Do muito ou pouco, um desdizer
Não atino em verbos de algo para alunar

Nada ajuda pensar, delinear nem Morfeu
Quiçá em razão me venha arrepender,
De em reflexão colocar pena a correr,
Em opinião habilidade falhada de Orfeu

Tu me pintas, rabiscas com palavras de enlevo
Incitas, recortas, cortas com elevada paixão
E sonho, disfarço, devaneio, em loucura me atrevo

No afecto, despertas encantamento, fascinação.
Demando nova fantasia em cinco folhas de trevo,
Encontro num contar, animar… elevada doação.

Em hipnose mutação, me regenero, encontro novo saber e sabores… vivo.

30/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 28 de novembro de 2009

Devaneio da mente …





Sentado no banco do meu jardim
Olhando a água da fonte jorrar
Sentido a quietação deste lugar
E no olfacto o cheiro do alecrim

Se mostra um devaneio que mente
Em voragem transbordante
Excedendo tudo doravante
Como ao meu lado tivera gente

Vénus me embala no amor docemente
Me esconde a realidade e me fractura
Num pensar em sol, água e areia quente

Incitando autêntica e inquieta rotura
Num atroz estado de loucura efervescente
Em leito voraz de dourada cercadura


28/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Quando me encontras…



Estou quieto, paradinho
Mais sossegado que santinho.

Vais chegando, desatinando
Vens com amor e loucura
Criando a maior tortura,
Ao verte passar, passando,
Sem te conseguir tocar
Vou na fantasia criando
Momentos para te encontrar.

Estou quieto, paradinho
Como passarinho no ninho.

Me desafias, me volteias
Tu desatinas, tu rodeias
Fica a carola em loucura,
Despedaças a estrutura
Do meu corpo com as teias,
Quando me encontras salteias
Trazes forte alienação
E torturas com paixão…

Fico irrequieto em desvario,
Pois arrebatado fico um pouco
Vais completando um vazio
Que sempre me deixa louco…

27/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Chuva da noite


(quadras desafiantes, sem apreço pela métrica)

Pingas fortes vão caindo
Oiço-as na rua rolar
Das janelas descaindo
Para no chão terminar

Nas calçadas já lavadas
Vão enchendo a ribeira
Caem como entrelaçadas
Caem sem eira nem beira

Como dique em pensamento
Dou por mim a sonhar
Um sonho lindo alento
Que não custa imaginar

Está a lareira brilhante
A madeira abrasando
Numa vontade constante
Vem daí, vem caminhando

Abre as comportas da vida
Coloca sorriso de encanto
Veste-te com saia garrida
Correndo pró meu recanto

Visita-me com devaneio
Com ânimo, sofreguidão
Aleitando pecado alheio
Nesta frenética ilusão

A chuva que vai caindo
Nossa companheira será
Neste amar intuindo
Que não mais acabará

Traz o amor, o alento
Vem viver este momento…

25/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Qualquer dia



Sempre existe um dia para tudo
Não fazemos hoje, fazemos amanhã
Se amanhã não fazemos, um dia o faremos
Mas o dia chegará e o fazemos
Tocamos, no que não queremos
Criamos ilusões que já não temos
Se ilumina o presente, em vela apagada
Porque vemos o que não vemos
Numa infeliz contradição
Queremos o que não podemos
Nos julgamos, errando na fantasia
Do mote dado, na razão errada.
Buscamos almejar na cercania
A outra parcela que foi já dada.

Se transforma a mente em sinergia
Nos iludem palavras dadas,
Indo de mente pra mente a energia
Nas ideias já tão caladas.

Mas um dia, num qualquer dia,
O faremos.

24/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Viajante da Noite


Vou na fantasia
Vens em pensamento
Como flor brotando
Em vivo encantamento
Pétala a pétala te dás
Qual adorno em ilusão
O meu devaneio traz
Imagens, satisfação
Musica em violino
Como corda a ser tocada
Me sinto rodopiar
Sinto a corda vibrada
Por ti insana paixão
Me trazes de volta à vida
Em completo desalinho
Como azougada avenida
Arrolado em fino linho
Sou viajante da noite
Num viver sempre em ti
Procuro loucuras, vivências,
Sonhos que não vivi

Longe vai minha razão
Te trago em pensamento
Penso em vida, em comunhão
Procurando entendimento

23/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 22 de novembro de 2009

Doce sentimento




É o que vejo em ti…
Ternura no olhar,
Ternura no sentimento…

Ternura...
Quando envolves teus braços
Em meu corpo.
Quando sinto teus lábios nos meus
Teu corpo cálido me envolvendo
Brotando vida, me acolhendo.


Ternura…
Quando tua mão, passa em minha face
Quando avassalas palavras doces
Teus sorrisos são gostosos,
Está longe a ilusão…
Sinto tua presença constante
Me oferecendo braçados
Atados, de constante paixão

Ternura…
Ó doce e perpétuo sentimento
Detonando luz, que me faz feliz,
Intrincada mole de encantamento
Que arranca na génese a geratriz.



22/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 21 de novembro de 2009

Junto a ti…







Chegaste um dia devagarinho
Como luz de sedução
Me conquistaste de mansinho
Como enorme furacão

Eu inovei, tu me mudaste
Moldando um homem diferente
Qual boémio pela vida
Tão desigual e divergente

Chegaste de gola alta
Saia fresca, rodada
Sorriso fresco nos lábios
Qual feiticeira encantada
Seduzido assim fiquei
Preso pela teia urdida
Assim, constante… Apaixonei.

Caminhando lado a lado
Tu me deixas sonhar
És calor, alegria e ritmo
No meu doce fantasiar
Neste compasso e cadência
Que regula o andamento
Me sinto feliz nesta tendência


21/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Esta noite…




Quero dançar contigo
A Rumba, a Salsa
Bambolear o corpo
Ao ritmo da valsa
Quero dançar contigo,
Ao ritmo do batuque
Sentir-te em meus braços
Saltando, rodopiando
Verte menina e moça
De alegria cantando
Enquanto sentes os sons
Da tocata vibrando

Nos chegamos à janela…
A noite está serena,
A lua namora a terra
E cobre de manto prata.
Encostas tua cabeça
Em meu peito repousas
Oiço violinos vibrar
Em noite de encantar.

Vamos, vamos dançar
Um Bolero, um Passo doble
Para, num fado acabar

20/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Meninos Netos





Ai… Que saudades eu tenho
Ao verte brincar assim

Brincando com carrinhos
Comendo bola de Berlim
Fazendo da perna Cavalo
E da coxa puro selim

Ai… Que saudades eu tenho
Do tempo que brincava assim




Um sapato para ali
Uma meia prá co lá
Uma bola multicor
Saltando de lá pra cá

Ai… Que saudades eu tenho
Ao verte brincar assim

Tu corres… tu saltas
Tens o mundo na mão,
Nada te faz parar
Que linda essa ilusão
E forma no mundo estar

Ai… Que saudades eu tenho
Do tempo que brincava assim

Tua cara de menino
Mostra meiguice e ternura
Teu olhar é claridade
Teu sorriso satisfação
Me sinto recompensado
Te trago no Coração

Ai… Que saudades eu tenho
Ao verte brincar assim

19/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Anda… ver o Mar




Olha,
Anda ver o mar

Vem,
Vem junto a mim,
Vem ver o sol brilhar
Deitados na areia
Façamos um dia de encantar.

Percorro o teu corpo,
Percorres o meu,
Nos entrelaçamos acabando por nos beijar
Na doçura do teu corpo
Sinto o teu pulsar…
Teus lábios salgados nos meus
Sinto-te, te sinto  amar…

Teu corpo cheira a jasmim
Me embriaga, me solto
Na ilusão contida eu… volto a sonhar.
Faço-te um colar de conchas
Brincos de coral vermelho
Anel de coloridas contas

Olha, anda…
Anda ver o Mar


18/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Noite escura




Sinto a noite que me rodeia,
A bruma me cega…
Oiço meus passos solitários,
No bater dos tacões na calçada
Procuro-te de viela em viela,

Procuro…
E não te encontro…

Não há lua… Só o breu…
Rodopio, ando, desnorteio
Me movo, me procuro, entorpeço.
Passo um, dois lampiões, talvez três
Não sei se quatro,
Me envolvo na bruma
Cigarro caído, olhos no chão
Passo um arco, uma arcada, mais uma rua
Nada, nem vivalma,

Procuro…
E não te encontro.

Não há magia na noite
Sinto a solidão, me apetece gritar,
Clamar pelo teu nome,
Sair da rua, voltar ao teu regaço
Vida… Quero viver.

Procuro…
E não te encontro.


17/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Me leva






Sonho me leva contigo
Me leva na ilusão
No remanso que carrego
Longe da solidão eu ando
Meus sonhos me apoquentam
Me levam, para longe me levam

Lá longe… pra lá daqueles montes
Águas tépidas, cristalinas
De um turquesa sem fim…
O sussurro das ondas oiço
Como implorando por mim…
Sinto o calor no corpo,
Sinto a alma se despindo
Sinto o vulto se chegando,
Abraçando…rindo,
Se fixando enfim.

Na quietude do remanso,
Sonho… sonho com doce fruto
Sinto a frescura da água
Vejo a flor ondulante
Na brisa que vai passando…
Sinto… e sonho…
Um sorriso esperando por fim.

16/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

domingo, 15 de novembro de 2009

Momento




A fragrância da pele me aturde,
Os interstícios do teu corpo se dilatam,
Exalando o calor que me atordoa,
Jogo tudo na fluidez da vida.
Me arco num momento
Enquanto num abraço de um só,
Concebemos um ápice distorcido

Respiramos a frescura do ar,
A frescura da relva que nos rodeia,
Sentimos a árvore que nos sombreia,
Nos miramos nos olhos
Sorrimos,
A felicidade nos invade

Te levantas, te compões
Caminhas pelo carreiro, te afastas
No horizonte, paras… me acenas
Te despedes, me envolves com teu olhar
A luz do teu sorriso me ilumina

Pergunto ao vento que rodeia,
Quando voltaremos a sonhar.

15/11/2009
Karl d’Jo Menestrel

sábado, 14 de novembro de 2009

Janela da Ilusão


Abro a Janela, te vejo desnuda
No outro lado da Rua do meu desejo
Vejo teu corpo cintilando
Da luz das velas na penumbra
Sinto teu cheiro, afago teus cabelos lisos
Te envolvo em pensamentos discretos
Vibro com o desejo do teu arfar
Do enlaçar das mãos, dos braços, do corpo
A luz trémula me envolve na noite
O Luar nos envolve como amantes
Da vida, do sentir, do desejo….

Abro a Janela e vejo teu corpo
Crio a aréola da fantasia
No enlaçar rodopiado, qual harpa
Vibrando em meus dedos dedilhando
Nas cordas do teu corpo, eu sinto…
O teu tremor com olhos de mel
Em ternura sobre o meu

No outro lado da Rua, te ocultas
No cetim de teus lençóis
A vela se apaga…
Já te não vejo, já te não sinto
No ténue vislumbre da noite,
Fecho a Janela da ilusão

14/11/2009
Karl d’Jo Menestrel