domingo, 17 de janeiro de 2010

Brocados d’Alma



Mentir a nossa alma
É criar buracos no coração
É apagar a luz, a calma
E retirar de nós a emoção
É criar sentimento nefasto
É esmorecer o nosso ser
Medrando nas palavras me agasto
Assim por vezes nem posso querer
Que neste meu simples escrever
Minha alma tem brocados
Que não consigo esquecer

São pensamentos baralhados
São imponderáveis pareceres
São neurónios já cruzados
São versos não trabalhados
São encantos doutros seres

No limite da emoção
A poesia se articula
Criando devastação
Vertendo palavra ridícula

Sem prós, contras ou calma
Fechando brocados d’alma

Numa ardente alienação
Que acalma o Coração

16/01/2010
Karl d’Jo Menestrel

2 comentários:

Paula Barros disse...

Muitas vezes penso e sinto que o escrever pode ser um delírio da alma. Uma expansão de nós mesmo com a alma se dilatando, soltando-se, libertando a nós mesmos.

Por isso sempre digo que o poeta não mente. Ele sente, sente em demasia, sente o que não entende, sente o improvável, sente a ilusão como se fosse real....tudo é sentimento.

Sentimento que são inexplicáveis muitas vezes, indeclaráveis, impublicáveis, e que muitas vezes não poderão ser vividos. Mas para a emoção existe. O qurer existe. A fantasia existe.

E sempre vai haver a briga da razão com a emoção.

Mas vem a poesia e acalma o coração. E arde a razão.

Paula Barros disse...

Tudo que retira a emoção devia ser considerado crime. Por que ao se retirar a emoção, mesmo que proveniente de ilusão e fantasias é matar um pouco de nós. Ou muito, sei lá.

Palavra rídicula? Isso é a Senhora Razão falando. Enquanto a emoção saltita e pula feito criança, incansável, inventando mil peripécias.


beijos na alma da emoção.